Sunday, 9 December 2012

Nanozine nº 7

Confesso não ser um leitor habitual de revistas, impressas ou electrónicas, mas tive oportunidade de ler algumas recentemente, uma delas a Nanozine nº 6, dedicada ao Steampunk e à venda na EuroSteamCon 2012 - Porto.  Como gostei da experiência decidi, mal soube da disponibilidade do número seguinte, começar a ler de imediato. No entanto esta Nanozine nº 7 fica aquém das expectativas que criei com o número anterior. Desta feita o objectivo editorial temático na escolha dos contos parece ter sido a presença de elementos do horror, o que para mim não seria de todo um problema. Na minha opinião, o que mais prejudica a leitura deste número é a assimetria da qualidade dos contos.
Das várias submissões incluídas, gostei de ler O Solucionador de Telmo Marçal, A Última Viagem do Sud Expresso de Carlos Silva, O Livro das Horas de Célia Loureiro e O Fruto Proibido de Pedro Cipriano. São contos bem escritos, com temas interessantes sem no entanto encher realmente as medidas, seja pela abordagem relativamente simplista dos temas seja pela superficialidade do enredo. Destes destaco O Fruto Proibido, talvez aquele cuja resolução foi mais bem conseguida, com a referência à imagem bíblica da busca pelo conhecimento contra os avisos ou ordens de poderes superiores aplicada a um cenário pós-apocalíptico. Quero também deixar aqui uma nota positiva sobre O Desenho de Rui Tinoco, que me fez mandar uma gargalhada inesperada.
Pela negativa, não posso deixar de me questionar sobre a inclusão do conto Carrosséis de Marcelina Leandro. Não só a temática me parece mal explorada como o texto em si está mal escrito, com frases confusas e ideias misturadas que dificultam a leitura e impedem a imersão na história que, de outra forma, poderia ser de todas a mais aterradora. Já li melhor desta autora, nomeadamente na Lusitânia, já comentada aqui no blog. A leitura de Destilação de Olinda Gil, embora melhor, foi de certa forma banal e inconsequente, sem nenhum detalhe que o salve do esquecimento quase imediato.
Restam O Salteador de Joel Puga e A Sopa de Joel G. Gomes, nem especialmente bons nem maus, trazem ideias que, trabalhadas de outra forma, poderiam tornar-se bastante interessantes.
A revista termina com duas entrevistas, das quais destaco a primeira. Muito embora desconhecesse a autora Carla M. Soares e o seu livro Alma Rebelde se integre numa temática que não me desperta curiosidade, gostei bastante de ler a conversa.

Termino com desejos de que o próximo número volte à qualidade do anterior e me surpreenda com a temática erótica já anunciada.

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