Saturday, 1 December 2012

Cloud Atlas by Tom Twyker, Andy Wachowski and Lana Wachowski

O Cloud Atlas é difícil de comentar sem revelar demasiado e estragar a experiência de quem ainda não viu, pelo que me vou conter o mais possível. Sim, admito que isto é também uma boa desculpa para o facto de me ser impossível fazer um comentário que lhe faça realmente justiça. O filme segue meia dúzia de personagens em várias alturas da história da humanidade, explorando as ligações entre eles através daquilo que lhes acontece ou da forma como eles reagem às situações. É um trabalho fenomenal, com um argumento perfeito, uma realização impecável e actores que estão ao melhor nível das suas carreiras. É de uma beleza visual surpreendente mas não se fica por aí, tendo-me deixado a pensar e questionar uma variedade de coisas que nem consigo enumerar, desde moralidade, medo, coragem ou covardia, sacrifício, até destino, recorrência de situações na história, ou a tendência da humanidade para a distopia ou a destruição. Este é um filme que merece ser visto e revisto. Mas Cloud Atlas não é, no entanto, somente um trabalho filosófico, tendo momentos de acção, suspense, violência, comédia, romance e drama. Quanto aos actores, não consigo escolher a melhor performance. Se os meus favoritos foram variando, desde Jim Broadbent como Timothy Cavendish, Ben Whishaw como Robert Frobisher ou Doona Bae como Sonmi-451, não posso esquecer Hugo Weaving (em especial a enfermeira Noakes), Jim Sturgess, James D'Arcy (o Archivist), Susan Sarandon, Hugh Grant, Halle Berry (Luisa Rey, Meronym) e até mesmo Tom Hanks como Zachry (embora como de costume ele dê às personagens menos personalidade e energia do que elas me parecem pedir). Quero igualmente destacar a maravilhosa música de Cloud Atlas, que, para além de valer a pena ouvir por si só, contribui para a ideia de ligação transcendental que permeia o filme.
De todas as ideias na minha cabeça - sinceramente ainda "nas nuvens" - quero destacar duas. Primeiro a ideia de recorrência eterna (que estou a roubar deliberadamente do Nietzsche) que no filme se pode interpretar tanto como associada ao destino transcendente do mundo ou da humanidade que nos obriga a passar por certo tipo de situações várias vezes, ou por outro lado vê-la como resultado de nunca aprendermos o suficiente com a nossa própria história ou de termos alguma tendência como espécie para criarmos essas situações. Depois, quanto a uma outra ideia, o conceito de motivação e vontade, o filme acabou por reforçar a minha opinião de que os seres humanos querem, no fundo e acima de tudo, mais. No entanto, se é fácil notar esta "vontade de mais" (sim, estou a adaptar do will to power do Nietzsche) na sociedade consumista contemporânea ou até mesmo na altura das grandes guerras, torna-se muito mais dificil de argumentar quando se consideram as atitudes de cada indivíduo.
A minha única crítica negativa ao Cloud Atlas refere-se ao progresso lento do enredo até cerca de metade do filme, embora admita que não vejo melhor forma de contar aquela história. Se ainda não o viram, vão ao cinema assim que seja possível e aproveitem!

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Cloud Atlas is the kind of film you can't really review in detail for fear of spoiling other people's first experience. It follows various characters in different times and explores the connections between them through similarities both in what happens to them and in how they react to events. It's a powerful work, where the argument has been perfectly built, the direction is impeccable and the actors are with no exception at their best performances ever. It's both beautiful for the eye and for the mind, providing more food for thought than I've been able to digest until now. Touching concepts from morality, general belief, fear, courage and cowardice, self-sacrifice, up to things like destiny, recurrence and humanity's tendency for distopia or destruction, this is a film that deserves to be re-watched. This isn't, however, a purely philosophical work, and I must remark that there are moments of action, suspense, violence, comedy, romance and drama. About the actors, it's hard to pick a favourite, a best performance. At times it was Jim Broadbent as Timothy Cavendish, others Ben Whishaw as Robert Frobisher, and, of course, Doona Bae as Sonmi-451. But can we forget Hugo Weaving (Nurse Noakes - yes! - and others), Jim Sturgess (lots of them), James D'Arcy (Archivist), Susan Sarandon, Hugh Grant, Halle Berry (Luisa Rey, Meronym), or even Tom Hanks' Zachry (though, as usual, he gives the characters less energy and personality than they apparently deserve)? Another thing of note is the soundtrack, it's amazing and really adds to that idea of transcendental connection.
Of all the things flying inside my "clouded" mind at the moment, I wish to emphasize the idea of eternal recurrence and humans and humanity's true will. The eternal recurrence as seen here can be interpreted both as a transcendental destiny, meaning we are bound to live through and create certain situations, even if then we can act differently on them, but also as a kind of history repeats itself concept, blaming humanity for not learning with past mistakes or considering humans have certain characteristics that eventually lead us into doing those same mistakes over and over again. On the matter of motive and will, the story reinforced my opinion that, bottom line, humans are mostly and essentially driven by a "will to more", be it possessions, power, knowledge or feeling, something easily spotted on contemporary consumer society or even when looking back at the time of the world wars, but harder to argument when observing some individual actions.
My only possible negative criticism to Cloud Atlas is the slow development of the overall story up to half it's length. If you haven't yet, go to the cinema and enjoy!

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