Decidi requisitar este livro no NetGalley por ter lido um comentário de um autor dizendo que seria uma leitura ao estilo de Lost. De facto, a estrutura da história lembra facilmente a série, mas as semelhanças ficam-se por aí. Peter Clines não tem a subtileza do suspense da série e cruza o seu mistério com outros estilos de horror, de forma que o resultado final é algo estranho.
14 é a história de como a chegada de Nate ao edifício Kavach despoleta uma série de investigações dos inquilinos sobre a sua casa, culminando não só na descoberta do que o Kavach é mas também na possibilidade de se destruir a humanidade.
O prédio é, de facto, muito estranho. Nenhuma das pessoas que lá vive tem sonhos durante a noite, há baratas verdes com pernas extra, cada apartamento tem um tamanho e organização diferentes e há portas trancadas para nunca serem abertas. Facilmente se compreende como os inquilinos não conseguem segurar a sua curiosidade e, à medida que vão ganhando confiança uns com os outros, vão formando um grupo de investigadores à revelia do encarregado que parece estar determinado a impedi-los.
A escrita de Clines é pouco elaborada e as suas personagens são em geral simples peões num enredo em que a estrela é sem dúvida o edifício. Nota-se que este livro é, essencialmente, fruto da sua vontade de contar esta história, não havendo espaço para especial evolução das personagens que a povoam, com a notável excepção de Nate. O mistério é interessante e vai sendo revelado aos poucos, nunca deixando o ritmo abrandar mas sem revelar demasiado do que se espera ser o final. Tentando não contar demasiado para não estragar a leitura aos interessados, limito-me a dizer que podem contar com uma mistura entre Lost, steampunk e H.P. Lovecraft. O livro está pejado de referências à cultura popular e geek actual, desde Lost e Fringe a Star Trek ou Twilight Sone, ao ponto de se tornarem cansativas. Gosto bastante de detectar referências nas minhas leituras mas quando isso parece ser o único ornamento da escrita do autor a piada sucumbe à exaustão.
Para quem não se incomodar com SPOILERS, há mais a dizer sobre a obra de Peter Clines. Um ponto positivo é o seu tratamento das relações interpessoais. Não lhes dá demasiado foco mas mostra a sua influência nas decisões das personagens e não se preocupa com encaixes bonitos ou lições de moral. Um homem acha uma mulher atraente mas acaba por se apaixonar por outra, sem que nenhuma tenha que ser melhor ou pior pessoa, simplesmente porque acontece. Um ponto negativo é o final mal explorado, em que criaturas imortais capazes de viagens interdimensionais são burras ao ponto de dar tempo e oportunidade aos humanos para lhes impedir a entrada na Terra.
Não sendo uma obra-prima, 14 é no entanto competente como entretenimento, segurando o leitor migalha a migalha e sempre com algo inesperado à espreita, resultando numa leitura leve e rápida. Ponderaria ler outros trabalhos do autor, em especial se os soubesse mais refinados ao nível da escrita.
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I decided to request this book on NetGalley after reading a comment which stated it was similar to Lost. In fact, the structure of the story reminds one of the TV series, but Peter Clines doesn't have the subtlety of its suspense and he crosses his mystery story with horror which ends up originating a rather weird novel.
14 is the story of how Nate moving into the Kavach building starts a chain reaction of events that culminate in the tenants discovery of exactly what is Kavach but also on the possibility of bringing about the end of humanity as we know it.
The building is in fact really weird. None of the tenants have dreams at night, there are green cockroaches with extra legs, each apartment has different size and organization and there are doors locked so they would never be opened. One can easily understand how they can't get a grip on their curiosity and, as they get to know each other, eventually become a group of investigators, much to the despair of the caretaker.
Clines' writing is simple and straightforward and his characters are generally all but pawns to his plot where the true star is the building itself. One can tell the book is, in essence, the result of the authors will to tell this story, without much dedication to the evolution of the characters, with the notable exception of Nate. The mystery is interesting and is revealed step by step, never slowing down the pace or showing too much of what's ahead. Trying not to spoil too much, if you're going to read 14 expect a mix of Lost, steampunk and H.P. Lovecraft. The book is teeming with cultural and geeky references, from Lost and Fringe to Star Trek and Twilight Zone, to the point where they become tiresome. I usually enjoy finding these small nods to cultural icons but when that is the author's sole means of adorning his text, the fun is drowned by exhaustion.
For those who don't mind SPOILERS, there's of course much more to say about 14. One of its strengths is his approach to human relations. He doesn't give them centre stage but he does show their influence on people's decision-making and he avoids those typical fittings or moralised endings. A guy finds a woman attractive but he ends up falling in love for another, not because one of them is shown to be better or worse, but simply because it happens. A weakness would be the ending, where immortal inter-dimensional travellers are dumb enough to give the puny humans time and chance to stop them from entering Earth.
Far from being a masterpiece, 14 is still competent as entertainment, leading the reader with breadcrumbs of revelations and always something unexpected waiting just around the corner, resulting in a quick and light read. I might read other works by Peter Clines, if I knew them to be more refined in terms of writing.
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