Wednesday, 23 October 2013

The Victories Volume 1: Touched by Michael Avon Oeming

Eu conhecia Michael Avon Oeming do seu trabalho em Powers e também de uma ou outra ilustração para a Marvel pelo que comecei a segui-lo no twitter. Foi assim que acompanhei o processo de criação de The Victories, que o autor comentou frequentemente na rede social, e fiquei interessado em ler algo não só ilustrado mas também escrito por ele. Oeming não desiludiu. The Victories é uma visão pessimista de uma sociedade com "super-heróis". A história é-nos apresentada pelo ponto de vista  dos próprios "heróis" que, longe de serem indivíduos exemplares - epítomes das virtudes humanas - são afinal pessoas com imperfeições cuja posição civilizacional serve apenas para o autor as poder ampliar e explorar.
O contexto é uma civilização futurista mas algo distópica, em que as pessoas são vigiadas por câmaras em todo o lado mas a corrupção é ubíqua, a juventude está a tornar-se globalmente viciada numa nova droga e super-heróis parecem ser a única hipótese de limpar e salvar a sociedade. Parece tão familiar como a visão de um dia chuvoso quando olhamos pela janela (televisão?) de nossa casa com a devida atenção. De destacar aqui uma visão das drogas menos tradicionalista do que o habitual, dado que é aqui perfeitamente compreensível o apelo para a sua utilização. Faustus, a personagem principal deste primeiro volume, tem o interesse de ter uma personalidade em formação, parece algo incompleto, com assuntos por resolver (às vezes lembrando demasiado o típico anti-herói com passado doloroso) e em processo de auto-descoberta e auto-definição.
É assim que Oeming se propõe a explorar o papel que nós tendemos a dar a estas supostas figuras exemplares, ao mesmo tempo que lida com o que as pessoas têm de melhor e pior, com as suas reacções perante situações extremas e perante o risco de ganhar ou perder tudo. The Victories é uma banda-desenhada dirigida a leitores maduros e que a meu ver será de especial interesse a quem já passou pela leitura das BD de super-heróis tradicionais, mundos idealizados e épicos de auto-descoberta, porque verá aqui um contraponto inteligente.
A arte é tão adequada ao cenário criado que não lhe posso apontar um defeito. Quem gostar do desenho de Oeming não ficará desiludido com este livro.
A minha única crítica é que, como volume introdutório, há alguma perda de cadência por momentos de flashback e infodump que prejudicam ligeiramente a leitura.
Já encomendei o segundo volume.


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I knew Michael Avon Oeming from his work on Powers and some Marvel stuff and that's why I started following him on twitter. Through his account I was able to follow the creative process of The Victories, because the author often spoke about it. He got me interested enough in checking something that he wrote and illustrated himself. Oeming didn't disappoint. The Victories is a pessimistic view of a society with "super-heroes". The story is told through the heroes' point of view, themselves far from the usual exemplary people one would expect, are after all quite flawed. The author uses their status as super-heroes to further amplify and analyse such human flaws.
The context is a futuristic and rather dystopian civilization, where people are constantly spied by drone cameras but corruption is still ubiquitous, young people are addicted to some new kind of drug and super-heroes seem to be the only hope of cleaning it all up and saving society. It's as familiar as if one was looking outside the window (television?) in a rainy day and actually paying attention. Of note is the author's use of the drug, which far from the traditional cliché is presented here as a substance with an understandable appeal. Faustus, the main character of the first volume is interesting to follow because the author left him with an immature personality, somewhat incomplete and with unfinished business (sometimes reminding me of the typical anti-hero with past issues), a young man in a process of self-discovery and definition.
This is how Oeming sets out to explore the place we give to these supposed exemplary figures, at the same time dealing with what people have best and worst, their reactions to extreme situations where they risk winning or losing everything they care for. The Victories is a comic wrote for mature readers and will probably be enjoyed the most by those who have read the more typical comics with their traditional superheroes, idealized worlds and self-discovery epics because they will see here a smart counterpoint.
The illustration is so adequate to the setting and tone that I can't really point anything wrong with it. Whoever knows and likes Michael Avon Oeming's art won't be disappointed.
My only negative criticism towards this book is that, as an introductory volume, the storytelling often looses momentum with the flashbacks and some infodumping that disturb an otherwise enjoyable read.
I'm now waiting for the next volume!

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