Thursday 25 September 2014

Serviço Público

Sempre que a descrição de algo disser que é "natural, livre de químicos e toxinas", então essa descrição é falaciosa. Aqui fica uma, só porque a Ana Alexandre me chamou à atenção. 
A distinção entre natural - que aparece espontaneamente na natureza - e químico - quando usado no sentido da origem laboratorial - é só essa, o sítio onde apareceram. Não há nenhuma diferença a priori na sua segurança ou eficácia. Fazem-se testes para a substância X, tenha ela sido descoberta na folha do medronheiro, tenha sido criada num laboratório em Paris e vê-se se serve para algo, se serve mais do que o que já há e se é seguro para aplicação. Ser natural não implica ser melhor, não implica ser mais seguro, muito menos implica ser "livre de toxinas". São naturais algumas das substâncias mais interessantes e algumas das mais perigosas para a nossa saúde. Também já foram inventadas em laboratório outras tantas, ou mais, frequentemente baseadas nas ditas naturais. Antes dos testes, um creme, um manipulado, um extracto, um comprimido feito a partir de uma planta é uma incógnita. Pode ser uma cura, pode ser inútil, pode ser um agravante, pode ser fatal. Antes dos testes, um creme, um manipulado, um extracto, um comprimido com uma substância criada em laboratório é uma incógnita. Pode ser uma cura, pode ser inútil, pode ser um agravante, pode ser fatal.
Sempre que alguém que sabe isto coloca uma descrição deste calibre num produto, está simplesmente a querer dar uma falsa sensação de segurança ao potencial comprador.

Um dia dedico-me a explorar em pormenor cada um destes pontos.

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