Monday 28 July 2014

Cem anos

Há cem anos o Império Austro-Húngaro declarava guerra à Sérvia, e aquele que foi tão só mais um momento de conquista, de combate, de morte e sofrimento que provocamos uns aos outros, tornou-se num conflito histórico, em que os crimes de guerra se acumularam, em que o progresso tecnológico serviu para aumentar exponencialmente as vítimas, em que a organização geopolítica da Europa foi definitivamente alterada. Foi o princípio de um século em que a civilização mostrou aquilo de que é capaz, um século que, infelizmente, parecemos não querer encerrar.

The Battle of Zonnebeeke

Ontem às 20h ouvia no telejornal notícias de mais um conflito em Gaza. Na internet, deparei-me com um vídeo do jornalista Jon Snow que mostra a verdadeira face desta e de todas as guerras: o sofrimento.

Às 22h35 uma amiga partilha uma notícia sobre Viktor Orbán, primeiro ministro da Hungria, em que ele afirma que é altura de abandonar as democracias liberais e mostra desprezo a luta pelos direitos humanos como uma prioridade da política internacional.
A reportagem termina da seguinte forma:

“We will try to find a method of organizing society which differs from dogmatic ideologies accepted in the Western world – a new Hungarian state capable of making our community a competitor once again in the great global race, for the coming decades.”
This new Hungary “will be a new labor state that will respect Christianity, freedom and human rights”. The era of liberal democracies is over, Orbán added, and listed China, India, Russia, Turkey and Singapore as countries that could offer Hungary inspiration. “Our time will come,” he concluded.


Looking out from the entrance of a captured Pill-Box on to the shell ravaged battlefield

Hoje, por volta das 00:40, a RTP1 transmitiu pela primeira vez o filme In the Land of Blood and Honey, de Angelina Jolie, que dá uma perspectiva dolorosamente humana, ainda que fictícia, da guerra e genocídio na Bósnia Herzegovina em 1992-95.

Às 2:52, restou-me o seguinte pensamento, que partilhei no Facebook e no Twitter:

"Faz hoje cem anos. Cem anos em que tivemos bem concentradas as lições mais duras que nos podíamos ter dado. Parece que não aprendemos nada."

Fotografias de Frank Hurley, disponíveis em http://www.greatwar.nl

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