Wednesday, 28 August 2013

Quote / Citação (10)

"The entire modern deification of survival per se, survival returning to itself, survival naked and abstract, with the denial of any substantive excellence in what survives, except the capacity for more survival still, is surely the strangest intellectual stopping-place ever proposed by one man to another."


William James

Sunday, 25 August 2013

Quote / Citação (9)

"Trying to kill somebody like Vibe," it seemed to Dally, "best take your lesson from the famous attempt fifteen years ago on Henry Clay Frick, the Butcher of Homestead, which is never go for a head shot. Aiming for Frick's head was Brother Berkmann's big mistake, classic Anarchist mistake of assumin that all heads contain brains you see, when in fact there wa'n't nothin inside damned Frick's bean worth wastin a bullet on. People like 'at, you always want to go for the gut. Because of all the fat that's built up there over the years at the expense of poorer folk. Death may not be too immediate - but in the course of probin around in that mountain of lard lookin for the bullet, a doctor, especially one that treats the upper classes, bein more used to liver ailments and ladies' discontents, is sure to produce, through pure incompetence, a painful and lingering death."


Thomas Pynchon, Against The Day (2006)

Saturday, 24 August 2013

Cenas (5)

Um comentário do Brad Pitt no The Guardian que demonstra uma maior compreensão do problema da toxicodependência e da guerra às drogas dos EUA do que é habitual ler-se ou ouvir-se. Convido-vos a ler e pensar sobre isto, ainda que isto seja tão somente uma introdução à enorme estupidez que são os pensamentos e atitudes actuais perante este problema.

The Guardian published a comment on the "War on Drugs" by Brad Pitt that shows a really good understanding of this problem. I invite you to read and think about it, though it is only an introduction to the enormous stupidity that is the current belief and behaviour towards this problem.

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Uma investigação sobre a origem dos milhões com que Isabel dos Santos está agora a comprar Portugal, de leitura obrigatória para quem ainda procura uma sociedade com qualquer sentido de justiça, mas também para os que planeiam ir para Angola porque lá se faz muito dinheiro agora.

An investigation of how Isabel dos Santos got all those millions that she now invests in Portugal (and elsewhere). Required reading for whoever still wants some kind of justice in the workings of our society, but also for those who plan to go to Angola because it's easy to make money there nowadays.

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De volta ao The Guardian, um artigo interessante sobre o regresso dos livros grandes.

Back to The Guardian, an article on why big books are back.

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Por fim, deixo um post sobre o Suvudu da Random House e a utilização que várias plataformas na internet fazem do conteúdo criado pelos contribuidores e da compensação que devolvem, ou não.

Finally, I share a post on Random House's Suvudu and the use made by some internet platforms of their creators' content and how / if they give back to them.

Monday, 19 August 2013

Quote / Citação (8)

Whoa there now, Detective Basnight. It was routine to have these, what were known in the business as Grumpy Thoughts now and then, and he guessed he'd known socially or worked alongside of more than enough Pinks and finks who'd ended up clocking out before shift's end, and who's to say how far Lew might have taken his own contrition at working as long as he had on the wrong side, for the wrong people - though at least he had tumbled early, almost from the start, to how little he really wanted the rewards his colleagues were in it for, the motorcars, lakefront galas, introductions to desirable women or useful statesmen, in an era where "detective" was universally understood code for anti-Union thug... somewhere else was the bilocational version of himself, the other, Sherlock Holmes type of sleuth, fighting criminal masterminds hardly distinct from the sorts of tycoons who hired "detectives" to rat on Union activities.


Thomas Pynchon, Against The Day (2006)

Sunday, 18 August 2013

La Cage Dorée by Ruben Alves

A Gaiola Dourada foi uma óptima surpresa. O filme é um retrato do que tem sido a vida dos emigrantes portugueses daquela geração, trazido por um realizador que notoriamente conhece esta realidade de perto. O que resulta disto é uma visão inteligente dos costumes e dos problemas comuns a muitas das pessoas naquela situação disfarçada de filme cómico que leva a audiência à gargalhada vezes sem conta.
A nível de temática, quero destacar a referência ao preconceito xenófobo para com os imigrantes, a despreocupação com as suas condições de vida e trabalho, a sua tendencial invisibilidade no meio da sociedade a que acabam por pertencer, o seu isolamento cultural, que os torna simultaneamente diferentes dos que ficaram em Portugal e dos franceses que os rodeiam.
Apesar de por vezes haver uma caricaturização exagerada dos emigrantes, o filme não chega a um tom de gozo que o torne desagradável. Para além disso, o facto de haver ao mesmo tempo piadas dirigidas aos portugueses e aos franceses também elimina algum mau-estar que pudesse provocar numa audiência lusa.
Os actores estiveram em geral muito bem e continuarei fã da Rita Blanco, como já previa.
Apesar das gargalhadas e da boa disposição que esta presente em todo o filme, não consegui deixar de ficar a pensar na situação destes trabalhadores, que a sociedade finge esquecer para não ter que se preocupar com os seus salários e com a sua qualidade de vida, ao mesmo tempo que reconhece que o seu papel é essencial para o funcionamento da nossa civilização.
A minha única crítica negativa vai para o aparecimento no final do Pauleta, que foi desnecessário e não teve qualquer relevância nem sequer piada.

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La Cage Dorée (The Gilded Cage) was an awesome surprise. The film is a portrayal of how the life of Portuguese emigrants of that generation in France has been, brought by a director that evidently knows this reality closely. This originates an intelligent view of the typical habits and problems of people in that situation while allowing for a comedic disguise that had the whole audience laughing out loud.
The film approaches multiple themes, such as prejudice and xenophobia towards immigrants, the lack of preoccupation with their work conditions, their trend towards social invisibility, their cultural isolation that turns them into a group at the same time different from the French that surround them and from the Portuguese that didn't emigrate.
Although the caricaturization is sometimes exaggerated, the film doesn't feel over the top or insulting. Besides, the fact that it makes fun of both Portuguese and French helps to placate any possible offence when viewed by the Portuguese public.
The acting was overall very good and I'll keep on being a fan of Rita Blanco.
In spite of all the laughing and cheerfulness throughout the film, I couldn't avoid leaving with a lingering thought about the situation of these emigrant workers, that the society pretends to forget in order to be able to ignore their low payment, their lack of quality of life, even while it can't escape recognizing their essential role in keeping civilization working as it does.
My one negative criticism goes towards Pauleta's unnecessary cameo in the ending, both irrelevant and not really funny at all.

Saturday, 10 August 2013

Quote / Citação (7)

"There's a new Puccini opera," she said. "An American betrays a Japanese woman. Butterfly. He ought to die of shame, but does not - Butterfly does. What are we to make of this? Is it that Japanese do die of shame and dishonour but American don't? Maybe can't ever die of shame because they lack the cultural equipment? As if, somehow, your country is just mechanically destined to move forward regardless of who is in the way or underfoot?


Thomas Pynchon, Against The Day (2006)

Wednesday, 7 August 2013

Immersion by Aliette de Bodard

Finalmente li Immersion, a história de Aliette de Bodard que ganhou o Nebula, o Locus e foi nomeada para o Hugo e os BSFA. Desde que li a sinopse, na altura em que ouvi falar das nomeações, fiquei interessado e deixei um separador do Chrome aberto na página da Clarkesworld onde foi publicada. Agora descobri que estava também disponível em audio, pelo que decidi experimentar ouvir. Apesar da interpretação da leitora não ter sido particularmente do meu agrado, dada a sobre-enfatização de certos diálogos ou pensamentos e a sua voz por demais suspirada, o facto é que adorei a história.
Sem querer revelar demasiado, até por correr o risco de estragar a leitura de quem ainda não conhece, basta-me dizer que Immersion é uma exploração bastante interessante da interacção entre culturas quando uma é dominante - do ponto de vista bélico ou económico por exemplo - e do quanto isso pode levar ao extremo problemas como a necessidade de aceitação ou o preconceito, principalmente quando se torna natural a assimilação da cultura dominante. Nesta história a questão é abordada através de um mecanismo que permite mais que uma tradução da linguagem, uma transformação completa de um indivíduo para a cultura da qual depende.
Com este pequeno conto, Aliette de Bodard pode chamar-nos à atenção quanto a vários problemas que a nossa civilização atravessa e com os quais devemos aprender a lidar da melhor forma, desde a assimilação da cultura americana pelos países desenvolvidos - por exemplo através do cinema e literatura que são produzidos e comercializados em massa e que afogam quase todos os outros mercados culturais - a confusão que se faz na Europa entre a pertença à comunidade europeia e a obediência às decisões dos países economicamente dominantes, a comunicação através de redes sociais, que não só nos dão imagens falsas como nos definem a forma de comunicar - por exemplo, a ausência do silêncio intencional: ou se comenta um post ou ninguém sabe que se leu o post e se optou por ignorar - até à limitação que uma pessoa pode sentir em ser ela própria quando tem que se adaptar a outra cultura - até que ponto pode um indivíduo ser tudo aquilo que é, manifestar a sua personalidade em pleno, quando tem que usar uma língua diferente, em situações quotidianas diferentes, com costumes diferentes e interpretações variáveis para os mesmos gestos ou comportamentos e até que ponto é ele capaz de se reconhecer depois de passar muito tempo a sustentar uma imagem culturalmente aceite?
Assim sendo, não posso deixar de recomendar a leitura de Immersion a todos e pondero agora ler algo mais da autora.


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I finally got to read Aliette de Bodard's Immersion, a short story that won the Nebula and the Locus awards and was nominated to the Hugo and BSFA. Ever since I heard of it I've been willing to check it out and kept a tab in Chrome with Clarkesworld where it was initially published. I found out it was also available in audio version, so I decided to listen and share it with a friend. Though the reader's interpretation wasn't particularly to my liking, I ended up really enjoying the story.
Without revealing too much and spoiling it, it's enough to say Immersion is a quite interesting exploration of the interaction between cultures when one of them is dominant and of how it can aggravate problems such as prejudice or need for acceptance and more so if people start considering its only natural to assimilate the dominant culture. In this story the issue is addressed through a machine that allows not only to automatically translate language but also to completely transform a person into what is expected in the culture that created it.
With this short tale, Aliette de Bodard makes us think on multiple problems that our civilization is going through right now and with which we must deal with in the best way, such as the assimilation of american culture by most developed countries - for example through cinema and literature with massive marketing - the confusion in Europe between belonging to the European Union and obedience to the decisions made by the economically dominant countries, the communication through social networks that not only give us false avatars but also define the ways we communicate - for example, the absence of intentional silence: or you comment a post or no one knows that you read it and decided to ignore it - or the limitation that one can feel when adapting to another culture - how can a person express herself fully, actually be her real self, when using a different language, in different daily situations, with different traditions and interpretations and how can that person recognize herself after a long period holding this culturally accepted avatar?
I can't recommend Immersion enough and I'm now looking forward to reading more from this author.

Sunday, 4 August 2013

Pacific Rim by Guillermo del Toro

Sem dúvida uma das grandes esperanças para o cinema de ficção científica em 2013 e sem dúvida um dos filmes que mais me desapontou recentemente.
Pacific Rim tinha tudo para ser um filme espectacular: robôs gigantes, monstros alienígenas a invadir a Terra, um mundo unido em desespero. A meu ver, falhou quase por completo.
O enredo tem tantas incongruências que se torna difícil entrar na história. Desde governos que optam por construir um muro no oceano para parar os monstros que destroem cidades inteiras, que evoluem e que vão continuar a aparecer até fendas dimensionais que detectam e só deixam passar seres com um determinado DNA, a não ser que se leve um corpo connosco ou então que se venha no sentido inverso, haveria tanto para dizer que este texto se tornaria desnecessariamente longo e entediante.
Os actores também não estiveram bem. Não é o caso de não haver uma interpretação que se destaque como boa, é mais o de todas elas serem medíocres a miseráveis. Aqui de notar uma especialmente má, a de Charlie Hunnam, que tem o papel principal e fala constantemente como se tivesse uma qualquer oligofrenia ou perturbação da fala, o que, justiça lhe seja feita, se deve tanto à sua interpretação como às terríveis frases escritas para a sua personagem.
A nível de imagem, pelo contrário, o filme está bastante bom. Os Kaiju parecem bem reais, ainda que a certo ponto lembrem todos variações do mesmo modelo base (o que de qualquer forma a história justificaria) e os Jaegers metem qualquer Transformer recente num bolso.
Infelizmente tive aqui mais um problema com a concepção deste filme. O movimento dos Jaegers não faz grande sentido. Têm uma mobilidade dos braços quase orgânica sem que nunca seja minimamente explicada a sua capacidade de propulsão dos membros em qualquer direcção. Houve um momento em que uma mente iluminada se lembrou desta situação e criou um murro que é gerado por uma espécie de rocket no cotovelo. Este foi, no entanto, um momento único, que me deixou a sonhar com um filme em que fossem exploradas as verdadeiras limitações de ter que se usar uma máquina deste tamanho em combate.
A realização, de resto, foi terrível. Não bastando os clichés do conceito e do argumento, até mesmo as cenas e planos de filmagem são de fazer revirar os olhos. Se não soubesse de antemão, seria difícil convencer-me que se trata de um filme de Guillermo del Toro.
Assim sendo, Pacific Rim foi uma grande desilusão, que não recomendo a ninguém excepto a quem se interesse somente pelos efeitos especiais e mesmo a esses aconselho baixas expectativas.


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One of my greatest hopes for sci-fi cinema in 2013 and also one of my biggest disappointments. Pacific Rim had everything to make it spectacular: giant robot, alien monsters invading Earth and a world united against the threat. Yet it failed almost completely.
The plot has so many holes its hard to believe the story. From governments that decide to build a wall in the ocean to try to stop ever-evolving monsters that are capable of razing entire cities to dimensional rifts that can detect a specific DNA and filter everything else, but only in one direction or unless you can take a dead carcass with you to cross the rift, there would be so many things to criticize this text would end up far too long and boring.
The acting was also a problem. It's not so much the lack of a very strong interpretation but more the fact that they were all mediocre to down right miserable. Charlie Hunnam was specially bad as the main character, who often reminded me of someone mentally challenged or with some kind of speech disorder, though to be fair he owes it as much to himself as to the terrible dialogues written for him.
The visual effects, however, are quite good. The Kaiju seem almost real, though they do look like variations of the same basic model (the story explains this somewhat) and the Jaegers are much better than any Transformer you might have seen recently.
Unfortunately this brings up another one of my criticisms towards the film. The movement of the Jaegers doesn't quite make sense. They have an almost organic ability to move their upper limbs with momentum towards any direction and this is never even slightly explained. There was a single moment where a Jaeger uses a rocket in its elbow to give speed to his arm and produce a strong punch. This left me wishing for a film where this kind of limitations would be thoroughly explored making it much more interesting to consider giant humanoid fighting machines.
The direction was awful. Not only did we have all the clichés in concept and argument, even the scenes and filming had me eye-rolling all the time. If I hadn't known, I wouldn't believe this was directed by Guillermo del Toro.
Pacific Rim was a fiasco that I recommend to no one but those who are purely interested in special effects and even to those I advise keeping low expectations.