I've recently read, while travelling around Scotland (which, by the way, is one of the most beautiful places I've ever been to), both The Wonderful Wizard and The Marvellous Land of Oz in e-book format on my Galaxy Tab. First of all I must say that reading in the tab was surprisingly good, I was expecting to miss the book experience much more than I actually did, but that being said, I still prefer real books. Then I'd like to talk about Project Gutenberg. It's a database of over 36 thousand free e-books in either ePub, Kindle, HTML or simple text format. Anyone who's interested in reading classics with expired copyrights go ahead and pay the site a visit, you surely won't regret it and if you want to you can even contribute to the adaptation process.
Now to talk about the books on the Land of Oz, I must start by saying that, of course, I had already seen the film, I knew most of the first story by heart and wasn't really expecting a lot of surprises. And I didn't get them. The author proposes to write a book "for the children of today", trying to keep the wonders and remove the nightmares and moralist elements from the stories, and he ends up managing that quite well, although he couldn't - or perhaps never really wanted to - avoid the transmission of morals as I show ahead. It's a fairly easy read, quick and seemingly uncomplicated with few hidden senses to it. It all starts with Dorothy being thrown into the Land of Oz by a cyclone and then travelling through the place to find some way to get back to her home and family. In her travels she gets to know many different places and people and brings with her the Scarecrow, the Tin Woodman and the Lion, who hope the Wizard can help them get brains, heart and courage respectively. There are two things that stand out as the main messages of these stories, introduced in The Wonderful Wizard of Oz and further developed in The Marvellous Land of Oz. One is the idea of attribution of an ability or characteristic to something objective (beware: SPOILERS ahead) - the intelligence to the brain, the emotion to the heart - associated with the belief that such things cannot be developed or discovered in oneself and must be innate or given to you by an authority - the courage the wizard gave to the lion by having him "drink it". The other is the fallacy known as the appeal to (inappropriate) authority, seen here in the figure of the Wizard of Oz, who, for being the most powerful man in the land would surely know how to give brains, heart, courage and even how to send Dorothy back home. This absurd fact is further enhanced when, in the second book (again, careful with SPOILERS), the characters show that they still believe the Wizard of Oz was very powerful, apart from the fact that they themselves found out he was a fake wizard, because only one with such astonishing abilities could have given them the high quality brains and heart they now believe to be using. Two other noticeable things that contribute to the reader's perception of this are the lack of change to the Scarecrow's intelligence or the Tin Woodman's emotionality and also the lack of considerable difference between the Scarecrow and other characters in terms of said intelligence, even though they do ask him to use his brain to solve some problems, they also believing him to be the smartest of the group. These developments aside, the second book feels much more as a classical fantastic story, with a king overthrown, a rogue wicked witch, some magical feats and even a lost princess, though the author does start being bolder in terms of experimenting and introduces things such as a creature made by magic that wishes to be dead and even gender-changes. The relationship between Jack Pumpkinhead and Tip is also quite interesting and often comic.
These books weren't really exciting, not that they don't have good plots or that they don't bring any food for thought, but in the end I think what really didn't work out for me was the writing. They're books to be enjoyed by children and I believe I would have liked them a lot more years ago. I'm still glad I read them! Next on my list were Alice in Wonderland and Through the Looking-Glass and I am also slowly reading Beyond Good and Evil by Friedrich Nietzsche, but only when my mind feels rested and concentrated enough. Yesterday I started reading A Dance With Dragons by George R.R. Martin which I am hoping to find amazing!
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Li recentemente, durante uma viagem pela Escócia (um dos sítios mais bonitos que já vi), O Maravilhoso Feiticeiro de Oz e a sua sequela (The Wonderful Wizard of Oz e The Marvellous Land of Oz) em formato e-book na minha Galaxy Tab. Começo por dizer que ler na tab foi surpreendentemente bom, estava à espera de sentir muito mais falta do livro como objecto e como experiência, mas mantenho a preferência pela leitura tradicional. Quero também divulgar o Project Gutenberg, uma base de dados com mais de 36 mil e-books em vários formatos e de acesso gratuito por já terem expirado os direitos de autor. Interessados em ler clássicos não se vão arrepender de ir dar uma vista de olhos.
Agora para comentar os livros sobre Oz propriamente ditos, começo por admitir que já tinha visto o filme e conhecia bem a história do primeiro livro, pelo que não esperava surpresas e, de facto, não fui surpreendido. No prefácio, Frank Baum propõe-se a escrever um conto para as "crianças modernas", mantendo elementos fantásticos alegres mas evitando os pesadelos e os moralismos. O autor conseguiu na minha opinião atingir estes objectivos, excepto na evicção dos elementos transmissores de morais - que, quem sabe, talvez nunca tenha realmente querido - como comentarei mais à frente. O texto é fácil, de leitura rápida e aparentemente simples, com poucos segundos sentidos. A primeira história inicia-se com Dorothy a ser transportada para Oz por um ciclone, partindo depois ao encontro do Feiticeiro de Oz, viagem que serve para integrar todo o enredo e as diversas personagens. Dorothy acaba por ser acompanhada por um espantalho, um lenhador de lata e um leão que esperam que o Feiticeiro lhes possa dar um cérebro, um coração e coragem, respectivamente. Há essencialmente duas mensagens que se destacam no primeiro livro e são aprofundadas no segundo (cuidado com SPOILERS daqui em diante). Uma é a atribuição simples e directa de uma capacidade a algo objectivo, um órgão, como a inteligência ao cérebro ou o sentimento ao coração, associada à ideia de que as mesmas capacidades não podem ser desenvolvidas ou encontradas no próprio, tendo que ser inatas ou então criadas ou atribuidas por uma entidade externa, poderosa, aqui na forma do Feiticeiro de Oz, ilustrada na forma como dá ao leão uma bebida que o torna corajoso. A outra é a falácia do apelo à autoridade, neste caso a do Feiticeiro que, por ser considerado o homem mais poderoso de Oz, certamente saberia como dar cérebro, coração, coragem e mesmo transportar Dorothy de volta para casa. Esta ideia é enfatizada no segundo livro, onde se mostra que as mesmas personagens que descobriram que ele os tinha enganado, continuam a afirmar que o Feiticeiro teria que ser muito poderoso caso contrário não lhes poderia ter dado os órgãos de elevada qualidade que agora possuem e que acreditam ser a causa da sua inteligência e sensibilidade/emocionalidade, respectivamente. Isto é ainda ilustrado de mais duas formas, tanto por não se notar qualquer alteração na inteligência do espantalho ou na emocionalidade do homem de lata depois de terem obtido os ditos órgãos, como por, em especial no caso do espantalho, não haver diferença significativa entre a capacidade intelectual por mostrada e a das restantes personagens da história, isto apesar de em várias situações lhe pedirem que use o seu cérebro para resolver problemas. De resto, o segundo livro acaba por ser bastante mais próximo da típica história fantástica, com um rei deposto, uma bruxa má, algumas feitiçarias e até uma princesa perdida, embora o autor comece também a ser mais irreverente ao introduzir uma criatura criada por magia que quer morrer e até o conceito de alteração do sexo naturalmente aceite pelas restantes personagens. A relação entre o Jack Pumpkinhead e o Tip é também muito interessante e engraçada ao ponto de me por a rir sozinho a olhar para o texto.
Estes livros não foram realmente excitantes, não que não tivessem bons enredos ou que não oferecessem coisas em que pensar, mas julgo que o que falhou foi a escrita de Frank Baum não é, de todo, apaixonante. São livros para serem lidos na infância e parece-me que teria gostado bastante deles há alguns anos atrás. De qualquer forma, estou satisfeito por finalmente os ter lido! Tenho estado agora a ler Alice no País das Maravilhas e a sua sequela, de Lewis Carrol e quando me sinto concentrado o suficiente, Além do Bem e do Mal de Friedrich Nietzsche. Comecei ontem a ler A Dance with Dragons de George R. R. Martin que, a avaliar pelos livros anteriores, vai ser fenomenal!
To be honest I've always found the Wizard of Oz (the movie) rather creepy - I wasn't so much frightened by the Wicked Witch as I was by the supposedly good witch. Even as a child her grin creeped me out and there were a lot of incongruences in the supposed "help" she gave to Dorothy. By your review it seems that the Wizard of Oz is little more than a conman and the other characters are willingly deceived by him into thinking they need external validation for their own courage or intelligence.
ReplyDeleteNot sure I'll be reading these in the future to be honest...
Actually, I think you should, as I said I'm glad I did in spite of the things I didn't like. It's a quick read and a classic children story. The fact that the Wizard seems little more than a conman and the reaction (or lack of) of the other characters is what makes it interesting and points out some of the big troubles of the human society even nowadays. The need for objectiveness in everything whatsoever, the search for reinforcement from any other person and the attribution of overall authority to people that are excellent in only one thing (or not even that much) are problems we as a species, as a society, as a culture need to address and solve, or risk being hindered by it, prejudiced and unfair to each other for years to come.
ReplyDeleteBut well, you already know all of that and there are so many good things to read that you have to choose not to read much more books that the ones you actually do read.