Sunday 23 March 2014

Cenas (9)

Esta semana começo por partilhar uma previsão dos resultados das próximas eleições europeias pelo electionista (no twitter em @electionista). Sendo só uma previsão e anterior à campanha eleitoral, é ainda assim interessante verificar que se mantêm os votos nos grupos do costume e que há uma equivalência entre os votos em partidos do EPP e da S&D. É estranho ver isto num momento em que há tanta contestação em vários países não só à condução do projecto europeu nos últimos anos como em particular à austeridade imposta aos países periféricos. Será isto resultado do medo de arriscar dos povos europeus? Do pouco peso da periferia na condução da UE? Será que não querem mudar agora que o PE se vai tornar ainda mais relevante? Se há momento em que seria de esperar uma grande divisão dos votos em direcção aos extremos, sejam os proponentes de uma federação europeia, sejam os eurocépticos, este é o momento. Pode isto, por outro lado, mostrar que os europeus, temendo a sua destruição, queiram manter o equilíbrio que tem conseguido, mal ou bem, gerir o projecto europeu até hoje sem o deixar colapsar?


O que me parece mais provável, no entanto, é que as pessoas não mudem o seu voto porque, em escolhas complicadas, em situações complexas cujo conhecimento profundo lhes escapa, têm tendência em fazer a opção do costume, a fácil, a óbvia. Vem com isto uma sensação de estabilidade, mas também o perigo de nos perdermos por não saber escolher um caminho alternativo.

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No seguimento disto, trago agora um texto do Diogo Moreira no 365 Forte, onde comenta a teimosia do pedido de consenso do Presidente da República. Por coincidência, estou a ouvir agora mesmo o Eixo do Mal, onde o Daniel Oliveira se diz contra o forçoso consenso PSD-PS, pela necessidade de haver uma alternativa capaz de governar caso a actual política falhe. Concordo com os argumentos de ambos. Por um lado, porque as eleições são precisamente um momento em que deve haver discussão, em que se deve contrapor propostas, para que exista - como até o Cavaco disse - verdadeiro debate de ideias. Por outro lado, porque haver um consenso nos partidos ditos da governabilidade (um dia hei-de dedicar-me a criticar esta expressão) pode levar precisamente ao problema que expliquei acima quanto ao parlamento europeu.

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Mudando radicalmente de assunto, partilho uma ferramenta que pode ser interessante para quem queira comprar computadores ou telemóveis: o Ethical Consumer. É um website que avalia as marcas pelo seu respeito pelo ambiente, pelos animais e pelas pessoas, quanto a algumas políticas específicas e ética laboral e ainda pela sustentabilidade dos produtos. Conhecem outras ferramentas semelhantes? Têm experiência com esta?


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