Friday, 29 November 2013

Quote / Citação (26)

"Gordon watched them go. They were just by-products. The throw-outs of the money-god. All over London, by tens of thousands, draggled old beasts of that description; creeping like unclean beetles to the grave.
He gazed out at the graceless street. At this moment it seemed to him that in a street like this, in a town like this, every life that is lived must be meaningless and intolerable. The sense of disintegration, of decay, that is endemic in our time, was strong upon him. Somehow it was mixed up with the ad-posters opposite. He looked now with more seeing eyes at those grinning yard-wide faces. After all, there was more there than mere silliness, greed, and vulgarity. Roland Butta grins at you, seemingly optimistic, with a flash of false teeth. But what is behind the grin? Desolation, emptiness, prophecies of doom. For can you not see, if you know how to look, that behind that slick self-satisfaction, that tittering fat-bellied triviality, there is nothing but a frightful emptiness, a secret despair? The great death-wish of the modern world. Suicide pacts. Heads stuck in gas-ovens in lonely maisonettes. French letters and Amen Pills. And the reverberations of future wars. Enemy aeroplanes flying over London; the deep threatening hum of the propellers, the shattering thunder of the bombs. It is all written in Roland Butta’s face."

George Orwell, Keep the Aspidistra Flying (1936)

Thursday, 21 November 2013

World Philosophy Day

Vale sempre a pena falar da filosofia, em especial por ser uma actividade ao mesmo tempo transversal a muito do que é ser humano e muito mal compreendida pelas pessoas. Hoje, em celebração do Dia Mundial da Filosofia, deixo aqui uma lista de ligações interessantes que me foram aparecendo:

4 minutos de Zizek a falar sobre o que é a filosofia;

todo um podcast - Philosophy Bites - em que se pergunta a vários filósofos o que é a filosofia;

página da UNESCO dedicada a esta celebração.


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Talking about philosophy is always worth our time, not only because it's transversal to much of what being human means, but also because it is widely misunderstood as an activity or area of interest. In celebration of the World Philosophy Day, I decided to post here some interesting links I came across today. 

4 minutes of Zizek talking about philosophy;

A podcast - Philosophy Bites - where a lot of philosophers try to define philosophy;

UNESCO's World Philosophy Day webpage.



"The object of philosophy is the logical clarification of thoughts. Philosophy is not a theory but an activity. A philosophical work consists essentially of elucidations. The result of philosophy is not a number of ‘philosophical propositions’, but to make propositions clear. Philosophy should make clear and delimit sharply the thoughts which otherwise are, as it were, opaque and blurred."
Ludwig Wittgenstein, Tractatus Logico-Philosophicus (1922)

Wednesday, 20 November 2013

Universal Children's Day

Porque vale sempre a pena lembrar, não só a data em que foram aprovados, mas também os Direitos da Criança propriamente ditos.




And because we should never forget that we still fail children far more than we should, considering these were declared exactly 24 years ago.

Thursday, 14 November 2013

Política portuguesa para totós (II)


toda a semelhança entre a realidade e o mundo dos pokémon é fruto do acaso, digo eu;
imagens retiradas de Bulbapedia;
Pokémon © 2002-2013 Pokémon. © 1995-2013 Nintendo/Creatures Inc./GAME FREAK inc.

Tuesday, 12 November 2013

Quote / Citação (25)

"It was queer, really. Even at the time it struck me as queer. I was a second-loot with hardly any Cockney accent left, I could already distinguish between Arnold Bennett and Elinor Glyn, and yet it was only four years since I’d been slicing cheese behind the counter in my white apron and looking forward to the days when I’d be a master-grocer. If I tot up the account, I suppose I must admit that the war did me good as well as harm. At any rate that year of reading novels was the only real education, in the sense of book-learning, that I’ve ever had. It did certain things to my mind. It gave me an attitude, a kind of questioning attitude, which I probably wouldn’t have had if I’d gone through life in a normal sensible way. But — I wonder if you can understand this — the thing that really changed me, really made an impression on me, wasn’t so much the books I read as the rotten meaninglessness of the life I was leading."

George Orwell, Coming Up for Air (1939)

Thursday, 7 November 2013

Política portuguesa para totós (I)


toda a semelhança entre a realidade e o mundo dos pokemon é fruto do acaso, digo eu;
imagens retiradas de Bulbapedia;
Pokémon © 2002-2013 Pokémon. © 1995-2013 Nintendo/Creatures Inc./GAME FREAK inc.

Quote / Citação (24)

"It struck me that perhaps a lot of the people you see walking about are dead. We say that a man’s dead when his heart stops and not before. It seems a bit arbitrary. After all, parts of your body don’t stop working — hair goes on growing for years, for instance. Perhaps a man really dies when his brain stops, when he loses the power to take in a new idea. Old Porteous is like that. Wonderfully learned, wonderfully good taste — but he’s not capable of change. Just says the same things and thinks the same thoughts over and over again. There are a lot of people like that. Dead minds, stopped inside. Just keep moving backwards and forwards on the same little track, getting fainter all the time, like ghosts."

George Orwell, Coming Up for Air (1939)

Tuesday, 5 November 2013

Anatomia dos Mártires de João Tordo

Depois de ter lido e gostado bastante do seu conto Cidade Líquida na colecção do DN e dado ter lido algumas opiniões positivas sobre os seus livros (por exemplo no Metáfora de Refúgio), decidi prosseguir na minha leitura da obra de João Tordo. Escolhi o Anatomia dos Mártires porque gostei do tema que se propõe abordar, muito embora não soubesse ao certo o que esperar dele.

Este livro segue a vida de um jornalista em busca do seu "furo", de um artigo que comprove a sua qualidade de trabalho perante o seu editor (e, aparentemente, perante o próprio). Inicialmente é-lhe proposto entrevistar o biógrafo de um homem que, após ter cometido suicídio, parece ter-se tornado numa espécie mártir religioso. No seu artigo, por entre um tom jocoso em que fala do entrevistado, decide estabelecer um paralelismo entre esta história e a de Catarina Eufémia, ela própria uma suposta mártir usada como símbolo da luta do Partido Comunista contra a ditadura fascista. São as várias reacções a este artigo (do editor, de leitores, do entrevistado) que fazem avançar o enredo por várias linhas, culminando numa obsessão do jornalista pela história "verdadeira" de Catarina Eufémia. A busca por esta verdade e o seu paralelismo com a análise do que faz um mártir constituem uma segunda parte do romance.

A prosa de Tordo é em geral fluída, sem exagero de embelezamento mas com utilização suficiente e útil de figuras de estilo. Infelizmente é o assunto que a prejudica aqui. O autor começa por escrever uma história razoavelmente interessante, embora nunca excepcionalmente estimulante, dedicada à luta interior do jornalista e o seu paralelismo com os eventos, mas perde-se quando decide entrar pelo mito de Catarina Eufémia dentro. Se a primeira parte tinha alguns momentos mortos, a segunda parte é quase até ao final um tédio do ponto de vista da ficção. Nota-se por demais a extensa pesquisa que o autor fez em relação a esta figura e sente-se a falta de uma edição mais "intensa" nesta parte. Há ainda uma terceira e última parte - "Os Apoderados" - que funde o final do enredo com um tom de epílogo, num estilo mais surreal, simultaneamente interessante mas estranho em contraposição com o restante livro.

Assim, este foi um livro que não tendo correspondido às expectativas criadas pela leitura do conto que referi, manteve o meu interesse em ler mais obras do autor, em especial pela exploração da vida, mente e personalidade do jornalista, a sua relação com o pai e com o amigo, por alguns paralelismos inteligentes com as figuras mártires e pela terceira parte.
De acordo com o Jorge, autor do Metáfora de Refúgio, este será o menos interessante dos romances de João Tordo. Sendo assim, após recorrer às opiniões lá publicadas - e de acordo com as sinopses - decidi ler de seguida o Livro dos Homens sem Luz ou o Hotel Memória (provavelmente o primeiro que encontrar em promoção decente).